10 maio, 2011

POBREZA E RIQUEZA




No dia seguinte à realização de um forró para arrecadar fundos, ao chegar ao asilo fiquei conversando como uma amiga sobre o sucesso da festa. Uma mulher acompanhada de dois dos cinco filhos, e de sua mãe, se aproximou perguntando onde poderia pegar uma cesta básica e ali estava representada três das cinco gerações que até hoje são dependentes da ajuda e da caridade de terceiros.
Então, obedecendo ao meu instinto fiz a seguinte pergunta para minha amiga: Você sabe qual é a diferença entre pobreza e riqueza?
E sem esperar uma resposta, completei... A riqueza de bens materiais herdada, se for mal gerenciada pode ser perdida a qualquer momento, enquanto a pobreza herdada e assimilada na sua totalidade é para sempre e só tende a aumentar.
Será cultural?
Genética?
Um lance de sorte?
Ou de azar?
Muitos ricos ficaram e ainda ficam pobres da noite para o dia e muitos ganhadores de loterias não souberam assimilar a riqueza adquirida e voltaram para a pobreza.
Quantas heranças milionárias simplesmente desapareceram e deixaram em seu rastro pessoas estressadas e sem rumo? Quantas empresas fecharam suas portas quando foram incluídas em um inventário?
Ficar pobre da noite para o dia é acontecimento corriqueiro.
A pobreza herdada não pode ser perdida.  
É a própria perdição.
Comece a observar as pessoas ao seu redor onde várias gerações de uma mesma família se agrupam em um mesmo local e vão criando os filhos da miséria para serem os herdeiros de nada.
As favelas e alguns cortiços são exemplos vivos deste modo de viver. Alguém chega a um determinado local e constrói sua moradia do jeito que sua condição financeira permite. Os filhos crescem e vão ocupando os espaços que ainda não sãos seus. Os netos crescem e também vão ocupando espaços que ainda não herdaram e dividem o local e a miséria de todos, harmoniosamente ou não.
Na conversa com minha amiga pudemos constatar o quanto isso é verdade. Temos exemplos concretos em nossas famílias. O seu cunhado, irmão do seu marido era empregado em uma multinacional, ao se casar, expulsou os pais para o famoso e terrível quartinho dos fundos e ocupou a casa que era deles. Segundo essa amiga, ele indicou vários amigos para trabalhar na mesma empresa que trabalhava e todos conseguiram melhorar o padrão de vida das suas famílias. Menos ele que no seu comodismo não tem nada para chamar de seu e daqui há uns anos vai depender da boa vontade dos irmãos quando a mãe falecer e tiverem que inventariar o único bem que ela deixará para os herdeiros.
Na minha família o episódio não foi muito diferente. Meus pais criaram sete filhos em uma modesta casa construída em um terreno relativamente grande. Ele queria que os filhos construíssem seus barracos ao redor da sua casa à medida que iam se casando.
Quando eu lhe disse que iria comprar o lote onde moro, ele tentou me convencer a não comprar dizendo que não havia necessidade.
Não aceitei.
Resultado...
Depois da morte dos meus pais quem assimilou a ideia de não ter nada adquirido com o seu suor, convive até hoje com os relacionamentos mal resolvidos vivendo espremidos em meio lote. Os que não assimilaram moram mais confortavelmente e independentes.
A vida é assim.
Não é um lance de sorte
Riqueza demais provoca dependência.
Pobreza em demasia causa dependência.
A vida é assim.
É uma questão de saber escolher aquilo que pode trazer ou não mais felicidade

 


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